"Como Música não tem fronteiras, as divisas impostas foram retiradas por essa maravilhosa Dupla, que veio para ficar,
renovando o que tem direito, com grande conhecimento de causa."
(José Fortuna - parceiro de Carlos Cezar na composição e "padrinho" da dupla)
João Dorácio, o Carlos Cezar, nasceu na beira do Rio Araguaia no dia 02/06/1942 e o parto foi feito pelo seu próprio pai, o
Sr. Avelino. O registro foi feito no dia 08/08/1942 em Pradópolis-SP. Faleceu em Mogi Guaçu-SP no dia 06/05/2002, vítima de
insuficiência renal.
Antonio Caires Dourado, o Cristiano, nasceu no dia 24/11/1955 em Piacatu-SP.
Quanto à formação da Dupla, tudo começou numa reunião de amigos, com Cristiano fazendo a Primeira Voz, e a Segunda Voz, a cargo de Carlos Cezar e, em
dado momento, espontaneamente, eles inverteram os papéis, dentro da mesma música, sem interrupção! Um "entendimento perfeito",
sem combinação prévia, intuitivo, por assim dizer! Tal entrosamento animou Carlos Cezar e Cristiano a formar a Dupla!
Ambos já lutavam bastante por uma Carreira Artística: Carlos Cezar como Cantor, Compositor, Letrista, Instrumentista e
Produtor, com brilhantes participações em festivais diversos, tanto na MPB como também na Música Sertaneja. Carlos Cezar
conseguia compor com incrível facilidade, chegando inclusive a musicar os versos ao mesmo tempo em que lia a letra da
música.
Juntamente com
José Fortuna,
Carlos Cezar (ambos na foto à esquerda) compôs mais de uma centena de belíssimas páginas, gravadas por diversos excelentes
intérpretes do quilate de
Sérgio Reis,
Tião Carreiro e Paraíso,
Chitãozinho e Xororó e
Duo Ciriema,
apenas para citar alguns.
A consagração de Carlos Cezar como compositor e parceiro de
José Fortuna
aconteceu por ocasião do II Festival Record (em 1979, apresentado por Geraldo Meirelles), no qual os dois compositores
conquistaram três primeiros lugares, com todos os méritos!!
"Riozinho" (José Fortuna - Carlos Cezar) foi defendida pelas
Irmãs Galvão,
com o próprio Carlos Cezar acompanhando-as com o Violão,
e conquistou o Primeiro Lugar, tendo sido considerada como sendo a Melhor Letra, dentre mais de 13.000 concorrentes!
"Berrante de Ouro" (José Fortuna - Carlos Cezar) foi a Segunda Colocada e também arrebatou o prêmio de Melhor Melodia,
tendo sido defendida por "Josemar e Joselito", juntamente com
José Fortuna,
Carlos Cezar e Pitangueira!
E "Brasil Viola" (José Fortuna - Carlos Cezar) contou com a belíssima interpretação a cargo do
Duo Ciriema,
mais um excelente grupo de Catireiros, e conquistou o Terceiro Lugar, além do prêmio de Melhor Interpretação!!
Ainda naquele ano, a Secretaria do Trabalho do Estado de São Paulo oficializou a composição
feita também em parceria com José Fortuna, "Hino do Trabalhador Brasileiro" (Carlos Cezar -
José Fortuna).
Dois anos depois, em 1981, Carlos Cezar e José Fortuna voltaram a conquistar o primeiro lugar no mesmo Festival com a
composição "O Vai e Vem do Carreiro" (Carlos Cezar - José Fortuna) (que foi gravada por
Sérgio Reis
e também por Carlos Cezar e Cristiano).
Além das já citadas, merecem destaques outras belíssimas composições dessa excelente parceria de Carlos Cezar com
José Fortuna,
(foto à esquerda) como por exemplo "A Porteira" (José Fortuna - Carlos Cezar - O. Bettio), "A Vaquinha" (Carlos
Cezar - José Fortuna - Oswaldo Bettio), "Caixinha De Ciúmes" (José Fortuna - Carlos Cezar), "Carga Pesada" (Carlos
Cezar - José Fortuna), "Expresso Boiadeiro" (Carlos Cezar - José Fortuna), "Geração de Boiadeiro" (José Fortuna - Carlos
Cezar), "Lágrimas" (José Fortuna - Carlos Cezar), "Manhã Sem Aurora" (José Fortuna - Carlos Cezar), "Moça Caminhoneira"
(José Fortuna - Carlos Cezar), "Moça Do Carro De Boi" (José Fortuna - Carlos Cezar) (a música cujo trecho o Apreciador ouve
ao acessar essa página), "Terra Tombada" (Carlos Cezar - José Fortuna), "Vento Violeiro" (José Fortuna - Carlos Cezar),
"24 Horas de Amor" (Carlos Cezar - José Fortuna).
O jovem Cristiano, por outro lado, com sua voz excepcional e vibrante, além de bastante sensibilidade, também desenvolveu
de forma brilhante a arte da Oratória. E, segundo alguns Apreciadores, parecia que ele se transportava para Outras Esferas
quando cantava!
Desiludido, após tantas diferentes tentativas, já quase desistindo de tudo, Cristiano acabou "tendo a intuição" de procurar
por Carlos Cezar, que já vinha se tornando famoso por suas já bastante requisitadas composições, inclusive em parceria com
José Fortuna,
que, por sinal, também foi um grande incentivador e "padrinho" da nova dupla que se formava, após ter testemunhado o
maravilhoso entrosamento musical de ambos!
E a dupla também combinava uma completa ausência de vícios, não precisando recorrer ao "excesso de álcool" para a busca da inspiração...
Ambos de origem urbana, utilizavam a voz ao natural, sem forçar sotaques nem dialetos (achavam
desnecessário os "nóis vai, nóis vem", tão descabidos na Música Sertaneja do início da
década de 1980). Em diversas interpretações podemos também ouvir um belíssimo "vibratto" a
cargo do Cristiano, em sua belíssima voz, perfeitamente harmonizada com a voz do Carlos Cezar!
A dupla chegou a ser conhecida na época como "A Nova Maravilha Sertaneja", com o modo de
interpretar, a instrumentação, o repertório e o visual bastante originais e inovadores, sem no
entanto ferir o Velho Estilo Caipira Raiz. Carlos Cezar e Cristiano atraíam uma média de 15.000
pessoas em suas diversas apresentações ao ar livre, nas diversas cidades por onde passavam.
Além de composições próprias (principalmente da brilhante parceria com
José Fortuna),
Carlos Cezar e Cristiano também gravaram diversas versões de músicas originalmente nos idiomas Inglês e Espanhol. E, nesse
caso, faziam questão de cantar alguns trechos das músicas em Espanhol, pois consideravam que o grande público não estava
sendo enganado: sabia que ouvia de fato uma versão! E, diferentemente de diversos "pop-sertanejos" que vieram depois, Carlos
Cezar e Cristiano também deram um outro significado às músicas Country ("Sertanejo Norte-Americano"), das quais também
gravaram algumas versões.
No início da década de 1980, antes mesmo de gravar o primeiro disco, a dupla já havia conquistado um enorme sucesso, de
modo que haviam feito um contrato com o Governo do Estado de São Paulo (até 1982), pelo qual percorreram o Interior Paulista
em caravanas diversas, nas quais eram bastante aplaudidos. Em Novo Horizonte-SP, por exemplo, a tourneé se prolongou por
quase uma semana!
Quero destacar o CD "Dose Dupla - Carlos Cezar e Cristiano" (Warner Music), que contém a
reedição em CD dos dois LP's gravados pela dupla na Chantecler em 1983 e 1985. Por problemas de
cronometragem uma das faixas dos LP's não consta no CD ("Ella" (Felipe Valdez Leal - versão:
Carlos Cezar) a 12ª Faixa do Primeiro LP). Mesmo assim, o Apreciador pode ouvir
excelentes interpretações de 21 belíssimas composições, dentre as quais, "Berrante de Ouro"
(José Fortuna - Carlos Cezar), "O Vai e Vem do Carreiro" (Carlos Cezar - José Fortuna),
"Pássaro Tiuí" (Pitanguá - Carlos Cezar - Paulo Roberto Ayello), "Caminheiro" (Jack),
"Retalhos de Amor" (José Fortuna), "Os Cowboys Andarilhos" (Carlos Cezar - Paulo Lobo),
"Boiadeiro Errante" (Teddy Vieira), além das versões de "Tu Solo Tu" (José Alfredo Gimenes -
vers.: Carlos Cezar) e "O Homem e a Natureza" (Five Hundred Miles) (Hedy West - José Fortuna),
apenas para citar algumas.
Quero também destacar o CD "Carlos Cezar e Cristiano - Vai e Vem do Carreiro" (Warner Music),
que é uma coletânea de 14 músicas de LP's gravados pela dupla na Chantecler em 1983, 1984, 1985
e 1988, com destaque para "Moça Caminhoneira" (Carlos Cezar - José Fortuna), "Os Três
Boiadeiros" (Anacleto Rosas Jr.), "Amargurado" (Tião Carreiro - Dino Franco) e "Expresso
Boiadeiro" (Carlos Cezar - José Fortuna), apenas para citar algumas.
Quero destacar também o CD (lançado originalmente em LP no ano de 1989 pela RGE (hoje Som
Livre) - o sétimo e último LP da Dupla), com belíssimas interpretações de 10 músicas em diversos estilos, dentre as quais, a já mencionada
"Moça do Carro de Boi" (Carlos Cezar - José Fortuna) ("aboio" na voz de Marlene Fortuna, filha
de José Fortuna), "A Volta do Boiadeiro" (Sulino - Teddy Vieira), além das versões de "Eu Vendo
Dois Olhos Negros" (Yo Vendo Unos Ojos Negros) (D. P. - arranjos: Carlos Cezar - Tom Gomes),
"O Menino da Gaita" (El Chico De La Armonica) (Fernando Arbex - versão: Sérgio Reis), "Vaya Con
Dios" (Larry Russel - Inez James - Buddy Peper - versão: Pedro I. Gamboa), além da belíssima
"Lua e Flor" (Oswaldo Montenegro) que fazia bastante sucesso na época, tendo sido tema da
novela "O Salvador da Pátria" (Sassá Mutema) da Rede Globo, com a excelente participação de
Lima Duarte no Papel Principal!
Após 1989, porém, pouco se sabe sobre essa dupla tão harmoniosa e original e de tão pouca duração, mas que ajudou a fazer a
História da Música Caipira.
O último show de Carlos Cezar e Cristiano foi no dia 06/04/2002 na cidade de Mogi Guaçu-SP, na "Expo-Guaçu", numa noite
inesquecível na qual a dupla dividiu o palco com Daniel.
Carlos Cezar faleceu em Mogi Guaçu-SP no dia 06/05/2002 (exatamente um mês após sua última apresentação), vítima de
insuficiência renal. E Cristiano ficou ausente do Mundo Musical, durante 4 anos, após o período de atividade da excelente
Dupla com o Carlos Cezar.
Em 2006 o Cristiano acrescentou o sobrenome Cesar, homenageando o antigo companheiro da dupla
(apesar de escrever com "S", e não com "Z"), e lançou seu primeiro CD-solo, intitulado
Trem Ajeitado,
na gravadora
Atração Fonográfica.
Além de algumas composições próprias (inclusive no estilo "pop-sertanejo"), o CD
contém dois antigos sucessos da dupla que são "Moça Caminhoneira" (Carlos Cezar - José Fortuna) e
"O Vai E Vem Do Carreiro" (Carlos Cezar - José Fortuna). Quero destacar a 12ª. faixa que "fecha o
CD com chave de ouro" que é "Carreiro Vai E Saudade Vem" (Cristiano Cesar) que é um verdadeiro
poema que, apesar de não mencionar o nome, é uma belíssima homenagem ao finado Carlos Cezar.
De acordo com o Cristiano, "O Carlão foi uma pessoa especial com quem aprendi muito e que marcou minha vida".
Para ele, "O Vai E Vem Do Carreiro" (Carlos Cezar - José Fortuna) foi a Música que projetou a dupla e é com certeza a
mais conhecida do seu repertório. No refrão de "Carreiro Vai E Saudade Vem" (Cristiano Cesar), Cristiano homenageia o
parceiro que já se foi:
"Carreiro vai, saudade vem,
É a solidão dentro do peito, batendo em mim,
Carreiro vai, saudade vem,
Ida sem volta de uma viagem que não tem fim..."
Em Dezembro de 2007 a Academia Guaçuana de Letras homenageou Carlos Cezar, no evento que se realizou no auditório
Professor Geraldo Ferreira Gonçalves, na cidade de Mogi Guaçu-SP, evento esse que contou com a participação de sua
Esposa Virgina Keer (também Compositora) e de sua filha Tammy César. Nessa homenagem, o Acadêmico Capitão Mauro Martins
dos Santos fez um pronunciamento sobre a marcante passagem do Poeta Sertanejo pela Academia e o Acadêmico Maestro Barzon
conduziu o Coral Familiar na interpretação da sua belíssima Música "Terra Tombada" (Carlos Cezar - José Fortuna).
E, como o Apreciador pode perceber, a excelente dupla "Carlos Cezar e Cristiano" merece estar
entre os passageiros "embarcados nesse trem". Trata-se de uma excelente Dupla Caipira. No
entanto, com todas as pesquisas que venho fazendo, pouquíssimo material encontrei sobre
"Carlos Cezar e Cristiano", tanto na Internet, como também nas diversas revistas e livros que
consultei.
Quero aqui convidar o Apreciador a participar desse site, enviando informações adicionais
tais como o nome completo dos integrantes da dupla, data e local de nascimento, data e local
de falecimento (no caso de Carlos Cezar), fotos, "escaneios" de capas de discos e biografias,
informações que são de fundamental importância para um bom resumo biográfico.
Qualquer informação ou qualquer material útil podem ser enviados para o e-mail
O nome do(s) colaborador(es) e também dos respectivos sites (se for o caso) serão mencionados
nessa página dedicada à dupla "Carlos Cezar e Cristiano".
Ricardinho, o criador desse site, agradece antecipadamente a quem puder enviar qualquer material
que possa ser útil para imortalizar a dupla "Carlos Cezar e Cristiano"!
O "Cumpadre" Maikel Monteiro é um excelente colaborador desse site e também me forneceu algumas fotos e preciosíssimas informações sobre a Dupla "Carlos Cezar e Cristiano", oriundas da inesquecível Revista "Moda e Viola" (Editora Cruzeiro Ltda), além do esclarecimento de dúvidas que ocorreram durante a elaboração desse resumo biográfico!
O "Cumpadre" José Francisco da Silva (In Memoriam) também apresentou, durante vários anos, esse excelente Programa junto com o "Cumpadre" Maikel Monteiro...
Muito Obrigado, mais uma vez, "Cumpadres" Maikel e Zé Francisco!!! Parabéns por esse gesto que enriquece e ajuda cada vez mais e de forma brilhante a
Preservação da Memória Musical Brasileira!!
Quero também agradecer à
Nathália Caires,
Filha do Cristiano, e também aos irmãos
Wagner Mello e
Agnaldo,
sobrinhos de Carlos Cezar, que enviaram informações adicionais, tais como data e local de nascimento e também algumas fotos dos integrantes da
Dupla!
Quero deixar também o meu Muito Obrigado à
Suzan,
que enviou o artigo sobre a Homenagem ao Carlos Cezar feita pela Academia Guaçuana de Letras.
Quero também agradecer ao
Professor Laerte
de Indaiatuba-SP, que é primo de Carlos Cezar, além de parceiro em algumas Composições, e que também forneceu informações
importantes para esse resumo biográfico.
Muito obrigado, Nathália, Wagner, Agnaldo, Suzan, Professor Laerte e "Cumpadre" Maikel por esse gesto que ajuda a
enriquecer cada vez mais a Memória Musical Brasileira!!
Essa viagem pela Música Caipira Raiz continua:
Clique aqui
e pegue o trem, que ele agora irá viajar pelo Litoral e pelo Interior dos Estados de São Paulo
e Paraná: conheça um pouquinho desse Caipira Universitário e Autêntico nascido em Santos-SP e
criado no Interior do Paraná e também em Taubaté-SP, formado em Engenharia no ITA, que é
Renato Teixeira.