"Pra tocar viola, só os anos. Num tem método, nem escola, nem professor. Nunca fui
um bom violeiro, sempre segurei na voz mas só o tempo faz um violeiro (...) Àqueles que
pretendem começar, se tiver talento, cantar bem e tiver muita vontade, comecem... Mas só se
for por paixão. Quem quiser começar prá fazer sucesso ou ganhar dinheiro vai dar furo n'água.
Além disso a coisa mais importante que tem que saber é escolher um bom repertório. Isso vale
prá qualquer um que queira começar bem (...) Sou apaixonado pelo que faço. Nunca, nem uma vez
pensei em desistir. Arranco minhas músicas do coração, do fundo do peito. Faço o que gosto.
Num posso deixar disso. É minha vida. Gosto de compor. Ninguém aprecia mais do que eu as
minhas músicas. O grande fã de Carreirinho é Carreirinho. Quando sento prá ouvir Carreirinho
não atendo ninguém, nem telefone, nem nada..."
Palavras de Adalto Ezequiel, o Carreirinho, nascido na cidade de Bofete-SP (foto à esquerda) no
dia 15/10/1921. Filho do Sr. João Batista e da Dona Domitilde Maria Pereira. João Batista
plantava café, e tinha criação. Foram três filhos, um menino e duas meninas. "Seu" João
Batista era vizinho de "Sô" João Tropeiro, excelente violeiro de quem Adalto ficava
apreciando o pontear da viola.
Sendo neto de Alemães, seu nome seria Adauto Humziker; o escrivão, no entanto, "achou Humziker
complicado demais" e acabou registrando o menino como Adauto Ezequiel. E, dos Alemães,
Carreirinho só herdou os olhos azuis. De resto, ele era Bem Brasileiro!
Nunca "pegou duro" nas lidas da roça. Tendo sido o caçula, era "poupado". Mexia com o
gado leiteiro, com amansação das potrancas e quando sobrava um tempinho, lá estava o Adauto
com a Viola no colo, presente que lhe foi dado por seu pai, apesar de muita resistência
inicial, já que Seu João achava que "Viola era coisa de vagabundo...".
Com 15 anos, mudou-se para Pardinho-SP onde foi pedreiro e "ajudou a construir a Igreja
Matriz do lugar", como Carreinho sempre se orgulhou! Na foto à direita, a cidade de
Pardinho-SP com vista da Igreja Matriz.
Já na escola, fazia seus versos e tocava a Viola. Em 1936, no último ano do Curso Primário,
tocou pela primeira vez em público, apresentando a Moda de Viola (de sua autoria) "Minha Vida"
em sua festa de formatura, pelo que foi bastante aplaudido.
Começou a se apresentar em festinhas e circos de Sorocaba-SP, cantando músicas de
Raul Torres.
E foi num circo em 1945 que formou a primeira dupla, Adalto e Ferraz, a qual durou um ano.
Em 1946, seguiu para a Capital Paulista onde formou uma segunda dupla com Piracicaba, adotando
o nome de Botucatu, na dupla "Piracicaba e Botucatu". Ficaram juntos
durante um ano.
Em seguida Adauto mudou o nome para Pinheiro e juntou-se ao Investigador de Polícia José
Stramandiola, que passou a chamar-se Zé Pinhão, e formaram a nova dupla "Zé Pinhão e
Pinheiro". Em junho de 1947, estrearam no programa "Sítio do Bicho de Pé", na Rádio Record
de São Paulo.
Stramandiola, no entanto, sendo policial, não encontrava compatibilidade de
horário entre o seu emprego e a Música. Acabou optando pela Polícia. E a dupla "Zé Pinhão e
Pinheiro" se desfez naquele mesmo ano.
Em seguida, Adalto formou a nova dupla (e a primeira de grande sucesso) com Lúcio
Rodrigues de Souza (nascido em 24/12/1922, em Santa Rita do Passa Quatro-SP e falecido em 21/05/1970).
Na verdade, a data de nascimento Lúcio Rodrigues é um "enigma", já que, em sua
Certidão de Nascimento
consta a data de 24/12/1922; no
Batistério,
por outro lado, consta que Lúcio nasceu no dia 18/12/1922 e foi batizado no dia 31/12/1922, de acordo com a cópia dos documentos gentilmente fornecida pelo
Luiz Fernando Souza,
que é um Estudioso da História da Música Caipira Raiz e também integrante da excelente Dupla
Luiz Fernando e João Pinheiro!
Adalto Ezequiel na verdade havia se sentido "perdido", sem dupla. "... Um dia, era Domingo, eu
estava ouvindo o "Chico Carretel" na Rádio Piratininga. Ouvi lá: Lúcio Rodrigues e Fortaleza.
Escutei, prestei atenção e vi logo: tá aqui a minha segunda voz. Me arrumei e corri lá
prá Piratininga, que ficava ali na Praça Patriarca. Quando cheguei, tinha um café em baixo e
perguntei pelo tal Lúcio Rodrigues. Tinha acabado de sair. Me deram o endereço dele. Um prédio
na Alameda Gretchen, em frente a garagem dos bondes. Fui lá. Ninguém conhecia Lúcio Rodrigues.
Por sorte alguém lá no café tinha me contado como ele era. Mulato, magro, um metro e setenta,
cabelo
onduladinho... Já voltava, vindo embora, quando vi um moço indo em direção àquele prédio e que
se parecia com aquela descrição. Aí falei comigo: "Vou gritar Lúcio, se ele olhar é porque é
ele"... e gritei. Nos apresentamos, falei o que eu queria mas ele disse que num tinha interesse...
Que tava bom com o Fortaleza... Dava um dinheirinho prá pagar o cigarro e o almoço. Ai, eu disse
prá ele que comigo ele podia, no programa da Rádio Record, ganhar uns seiscentos por mês. Isso
era mais ou menos uns três ou quatro salários da época. Ele num disse nada mas ficou com meu
endereço. Na semana seguinte chegou em minha casa já trazendo "Canoeiro"..."
E a Rádio Record organizou um concurso para a escolha do nome da dupla. Foram dadas diversas
sugestões, tais como "Tupi e Tupã", "Pardinho e Pardal" e "Minguinho e
Mingote". Mas o nome escolhido pelo público, que havia votado por carta, foi "Zé Carreiro e
Carreirinho" que passou a ser o nome da dupla formada por Lúcio Rodrigues de Souza e
Adauto Ezequiel, respectivamente.
Aliás, ninguém melhor do que o próprio Carreirinho para nos dizer quem foi Zé Carreiro:
"...na minha vida foi tudo (...) Eu não me destacaria no meio artístico se não fosse o
Zé Carreiro. Eu reconheço isso. Fomos feitos um para o outro. Tínhamos duas vozes irmãs (...)
Aquela segunda voz era suave, bonita, e se encaixou com a minha que foi uma beleza (...)
Não nos dávamos muito bem, tínhamos alguns desentendimentos, mas profissionalmente, nos
respeitávamos muito..."
O primeiro disco da Dupla "Zé Carreiro e Carreirinho" foi um "bolachão 78 RPM" gravado pela Continental (16.280), contendo, no Lado A, o Cururu
"Canoeiro" (Zé Carreiro - Nicola Caporrino "Alocin") e, no Lado B, a Moda de Viola "Ferreirinha" (Carreirinho). Lúcio e Adalto, na verdade, já faziam
sucesso ao vivo no Rádio com o Cururu "Canoeiro" (Zé Carreiro - Nicola Caporrino "Alocin") (a Música cujo trecho o Apreciador ouve ao acessar essa página)
e os Irmãos Perez, já famosos com o nome de
Tonico e Tinoco,
haviam se interessado em gravar a respectiva composição.
Zé Carreiro e Carreirinho consentiram em ceder a Música, mediante a promessa do lançamento do seu primeiro Disco, que foi gravado em 05/07/1950 e
lançado em Outubro do mesmo ano, com as duas composições já mencionadas; e o sucesso foi tão grande que a Continental assinou com a Dupla um contrato de
três anos!
Zé Carreiro e Carreirinho gravaram vários LPs e atuaram por dez anos na rádio Record
com bastante audiência. No final da década de 50, no entanto, o parceiro Zé Carreiro teve
que abandonar a carreira artística devido a problemas nas cordas vocais e também por um
problema de surdez.
Clique aqui
e ouça o Cururu "Pirangueiro" (Zé Carreiro) interpretado pela Dupla "Zé Carreiro e Carreirinho", numa gravação histórica do Disco 78 RPM -
16354 - Lado A - Gravadora Continental - Gravado em 11/12/1950 - Lançado em Março/1951 - do Acervo de José Ramos Tinhorão - num excelente
Arquivo Musical pertencente ao
IMS - Instituto Moreira Salles,
excelente site que se preocupa com a Preservação de Inestimáveis Acervos Brasileiros em termos de Música, Fotografia, Artes Plásticas e Biblioteca, o
qual convido o Apreciador a visitar!
Clique aqui
e ouça a Moda de Viola "A Morte do Carreiro" (Zé Carreiro - Carreirinho) interpretada pela Dupla "Zé Carreiro e Carreirinho", numa gravação histórica do
Disco 78 RPM - 16354 - Lado B - Gravadora Continental - Gravado em 11/12/1950 - Lançado em Março/1951 - do Acervo de José Ramos Tinhorão - num excelente
Arquivo Musical pertencente ao
IMS - Instituto Moreira Salles,
excelente site que se preocupa com a Preservação de Inestimáveis Acervos Brasileiros em termos de Música, Fotografia, Artes Plásticas e Biblioteca, o
qual convido o Apreciador a visitar!
Carreirinho conheceu, na época, em Araçatuba-SP um mulato mineiro, bom violeiro com belíssima voz grave que causava admiração geral. Carreirinho formou
então a nova Dupla com José Dias Nunes, o
Tião Carreiro,
nome que foi sugerido por Teddy Vieira. Com 4 anos de duração, 10 discos 78 RPM e um LP lançados, a dupla "Tião Carreiro e Carreirinho" se desfez, já que
Tião também "tinha luz própria" e procurou por "um parceiro que permitisse que seu peito aparecesse mais". E o "deus carrancudo" formou a
inesquecível dupla com Antônio Henrique de Lima, o
Pardinho
(São Carlos-SP 14/08/1932 - Sorocaba-SP 01/06/2001).
Clique aqui
e ouça a belíssima Moda de Viola "A Viola e o Violeiro" (Tião Carreiro - Lourival dos Santos) interpretada pela Dupla "Tião Carreiro e Carreirinho", que é a 9ª Faixa
do LP/CD "Meu Carro é Minha Viola", postada no YouTube por Diego Sanches, e cujo link me foi enviado pelo Irmão.·. e "Cumpadre"
Antônio Célio da Silva.·.!!!
De acordo com Violonista, Arranjador e Pesquisador Antônio Célio, essa Formação foi o que ele considera como A Melhor Dupla Caipira do Brasil:
"
... Pena que gravou apenas um LP e depois foram mudando de parceiros até estabilizarem. Para o meu gosto e no Estilo Raiz, temos a melhor "Primeira Voz" do Brasil,
juntamente com a melhor "Segunda Voz". Se tivessem continuado juntos, seriam, de longe, A Melhor Dupla Caipira do Brasil. Mas o destino assim não quis... As vozes
eram potentes e combinavam maravilhosamente bem. É simplesmente de arrepiar nos agudos, e calmante, nos graves. Para mim, nenhum dos dois, nem antes e nem depois,
conseguiram parceiros tão adequados. Estou falando de 'Tião Carreiro e Carreirinho'. Meus Deus!
"
Após ter vivido algum tempo em Maringá-PR, Carreirinho retornou a São Paulo-SP em 1968 e formou
com sua esposa, também compositora, Iracema Soares Gama, a nova dupla "Zita Carreiro e
Carreirinho", a qual durou 16 anos, com 12 LPs, dois compactos duplos e um compacto simples.
Em 1984, Carreirinho formou dupla com Zé Matão, com quem gravou cinco LPs em cinco anos de
carreira.
E foi em 1991 que Carreirinho formou, juntamente com Sebastião Gonçalo (nascido em Três Corações-MG no dia 25/01/1945), a dupla "Carreiro e Carreirinho", tendo gravado um LP e diversos CDs. Com o Carreiro, Carreirinho se manteve "na estrada" por mais de 14
anos, praticamente até seus últimos os dias de vida!
Sebastião Gonçalo havia sido antes o Tião do Gado na Dupla Raiz "Rei da Mata e Tião do Gado", a qual gravou 4 LP's intitulados
"Os Grandes Sucessos Sertanejos" (AMCLP 5172 - gravado em 1973 pela Beverly),
"Cantando De Sul A Norte" ("Rei da Mata e Tião do Gado e Seus Foliões" - 01344 - gravado em 1975 pela Tropicana/CBS),
"Sertão Iluminado" (AMCLP 5441 - gravado em 1977 pela Beverly) e
"Belezas Naturais Do Amazonas" (USLPS 0155/95 - gravado em 1995 pela Uni-Som).
Clique aqui
e ouça o Pagode "Aqui Está a Viola" (Rei da Mata) interpretada pela Dupla "Rei da Mata e Tião do Gado", que é a 11ª Faixa do LP "Sertão Iluminado", citado logo acima.
Esse Link Musical foi postado no YouTube pelo Daniel Martins.
Clique aqui
e ouça "Amargurado" (Tião Carreiro - Dino Franco) interpretada pela Dupla "Rei da Mata e Tião do Gado", que é a 9ª Faixa do LP "Os Grandes Sucessos Sertanejos",
citado logo acima. Essa belíssima Composição Musical também foi relançada no CD "Moda De Viola - Volume3", gravado em 2006 pela Universal Music / EMI Brazil).
E esse Link Musical faz parte da
Rádio UOL.
A Dupla "Rei da Mata e Tião do Gado" foi relembrada pelo Carreiro, quando ele participou, junto com a também excelente Dupla
Ramiro Vióla e Pardini,
do excelente Programa
Viola Minha Viola,
apresentado pela "Madrinha"
Inezita Barroso,
na
TV Cultura
de São Paulo-SP, e que foi ao ar no dia 24/08/2014, tendo relembrado também a inesquecível Dupla com o Carreirinho, cuja Memória foi homenageada nesse inesquecível
Programa!!! Também foram lembradas as inesquecíveis Duplas
Tião Carreiro e Pardinho
e também "Rei da Mata e Tião do Gado", que foi, conforme já citado, a Dupla formada pelo Sebastião Gonçalo (Tião do Gado) antes dele ter sido o Carreiro, na parceria
com o inesquecível Carreirinho!!!
De acordo com Carreiro,
"
No começo da minha carreira eu cantava com o Rei da Mata. Éramos 'Rei da Mata e Tião do Gado'. Eu vim para São Paulo-SP em 1965 e, em 1969, o Zé Bétio fez o Festival
da Grande São Paulo, em Guarulhos-SP. Eram mais de 200 Duplas, estava o
Pena Branca e Xavantinho,
Valderi e Mizael,
entre outros amigos, e as seis Duplas vencedoras gravariam um LP. E nós tivemos a sorte de ser escolhidos para gravar... Cantei 12 anos com o Rei da Mata, depois mais
ou menos um ano com o
Índio Cachoeira
e 18 anos com o Carreirinho (...) Tínhamos uma pequena diferença de idade, eu era mais novo, e na época ele já tocava com o Zé Carreiro. Um dia eles foram fazer um
show em Três Corações-MG, no circo, e eu não tinha dinheiro para entrar. Mas eu era muito fã, então fiquei espiando pelos buracos da lona... Depois, já em São Paulo-SP,
fui me aproximando dele e, num momento em que ele já estava sem parceiro (Zé Carreiro já tinha falecido), ele me convidou para fazer um show com ele. Eu disse que
gostava muito de cantar as Modas dele, mas que, para enfrentar um show, não daria. Ele respondeu: 'Eu sei que você canta minhas Músicas, então deixa comigo. Você
vai pela sombra e vai dar certo!!!' E assim começamos uma Parceria que durou 18 anos!!!
"
Mesmo com a idade avançada, tendo ultrapassado os 80 anos, Adauto Ezequiel continuava gostando do que fazia!! E o seu último parceiro, o Carreiro, é também um Grande
Estudioso da Obra da antiga Dupla "Zé Carreiro e Carreirinho"!!! E as duas primeiras apresentações da Dupla "Carreiro e Carreirinho" foram nas cidades de Bofete-SP e
Pardinho-SP, a convite do próprio Carreirinho!!!
Carreirinho também chegou a formar, como que "por brincadeira", uma Dupla com
Sulino,
a qual chegou a gravar um "CD Artesanal", tendo algumas das mais belas Composições de ambos os Autores, interpretadas pela Dupla "Sulino e Carreirinho".
Conforme já foi dito acima, as cidades de Bofete-SP e Pardinho-SP foram fundamentais na vida e
na Obra Musical do Carreirinho, e são freqüentemente mencionadas nas letras de suas
belíssimas Modas de Viola. Observa-se até uma certa "competição" entre as duas cidades e muita
gente conta suas "estórias", com frases do tipo "...Carreirinho nasceu em Bofete-SP,
mas foi em Pardinho-SP que aprendeu a tocar Viola...".
De acordo com o especial "A História da Música Caipira", mostrado no excelente programa Globo
Rural que vai ao ar pela TV Globo, enquanto a cidade de Pardinho-SP planejava fazer um monumento,
algo como que um "Túmulo Simbólico" (Cenotáfio) para o Ferreirinha (personagem fictício),
já que a tragédia teria ocorrido "... No Campo do Espraiadinho / Era a 28 Km da Cidade de
Pardinho...", Bofete-SP "saiu na frente" e construiu o monumento ao Carreirinho (foto à
direita).
Lamentavelmente, porém, um ato de vandalismo destruiu a Estátua que homenageava o Carreirinho em
sua Bofete natal, restando somente a Placa Metálica, onde podemos ler: "Nasci em Bofete,
Na Costa da Serra, Até Aos 15 Anos, Vivi Nessa Terra. Adauto Ezequiel (Carreirinho). Começou a
cantar com 06 anos de idade. Ganhou sua primeira Viola aos 10 anos. Aos 15 anos mudou-se para
Pardinho. Até os dias de hoje são 1680 músicas gravadas. Esta é a homenagem de Bofete, através do
Prefeito José Carlos Roder e da Vice-Prefeita Patrícia Jamila de S. Correa. A um Ilustre Filho
de Bofete. Valorizando o que é nosso. Adm - 2001 - 2004."
Há a promessa da entrega da Estátua de Carreirinho restaurada. Esperamos que tal promessa seja cumprida e que o Monumento seja
devidamente protegido. Quero incluir o mais breve possível a nova foto do monumento nessa página dedicada ao Carreirinho!
E, na foto abaixo, Ricardinho (à esquerda) e
Ramiro Vióla
(à direita), no dia 11/06/2005 na localidade de Bom Jesus do Ribeirão Grande, onde pude conhecer
um pouquinho o Projeto de Construção da Capela em Homenagem ao Senhor Bom Jesus, para substituir
a anterior, que foi demolida devido à passagem de rede de alta-tensão. À nossa frente, o chão
onde antes havia essa capela. E, a alguns quilômetros atrás de nós, a localidade onde ficava o
Campo do Espraiadinho, onde se deu a tragédia narrada na música "Ferreirinha" (Carreirinho).
Quero aqui destacar a composição "Anna Rosa" (Carreirinho - Tião Carreiro), a qual foi gravada por "Zé Carreiro e
Carreirinho", "Tião Carreiro e Carreirinho" e
também por "Ramiro Vióla e Pardini",
que nos conta a tragédia vivida por Anna Rosa (foto à direita), brutalmente assassinada pelo marido Chicuta (Francisco Carvalho Bastos) na cidade
de Botucatu-SP, no ano de 1885. Na foto abaixo,
Ramiro Vióla e Ricardinho,
no dia 10/04/2007, em frente à Capela Anna Rosa, construída no local do crime e que se tornou famosa na região pelos
Milagres e Graças Alcançadas, conforme garantem diversos Fiéis que já deixaram seus depoimentos na Sala dos Milagres
existente.
Clique aqui
e conheça com mais detalhes a história do terrível assassinato de Anna Rosa em Botucatu-SP, ano de 1885, no Programa "Memórias Botucatu",
apresentado pelo Nenê Bueno pela
TV Alpha
de Botucatu-SP, Programa esse que foi ao ar no dia 12/04/2012!
Também não poderemos jamais nos esquecer que foi Carreirinho que, encantado com a semelhança
observada na interpretação de
Zé Mulato e Cassiano
com a dupla "Zé Carreiro e Carreirinho", levou-os para São Paulo-SP e, em 1978,
foi gravado o primeiro disco da "Dupla Três Em Um" ("Recordando Zé Carreiro e Carreirinho" -
pela "Discos Chororó / Madrigal Com. de Discos, Fitas e Editora" - 1978), com o
repertório todinho da dupla imitada, tendo o disco contado com a produção
do próprio Carreirinho (desconheço qualquer remasterização em CD desse primeiro disco de
Zé Mulato e Cassiano).
Na foto abaixo, Carreiro (à direita) e Carreirinho (à esquerda) num excelente show que
teve lugar na Granja do Torto, na Capital Federal, em 30/01/2004, por ocasião do IV Encontro
de Folias de Reis do Distrito Federal, coordenado por
Volmi Batista,
Produtor da
VBS - Viola Brasileira Show.
Foi nessa ocasião que tive a felicidade de conhecer pessoalmente o Carreirinho!
Na foto abaixo, também em 30/01/2004, o Empresário Cardoso, Carreiro, Ricardinho e Carreirinho,
momentos antes do emocionante show que teve lugar no IV Encontro de Folias de Reis do Distrito
Federal de 30/01 a 01/02/2004.
E, na foto abaixo, em 30/01/2004, Ricardinho,
Zé Mulato,
a Deputada Distrital
Eliana Pedrosa
e Carreirinho, também no IV Encontro de Folias de Reis do Distrito Federal que teve
lugar na Granja do Torto de 30/01 a 01/02/2004.
E, graças à Deputada Distrital
Eliana Pedrosa
e à LEI N.º 3.252/03 de 30/12/2003,
este importantíssimo evento foi incluído no Calendário de Eventos Oficiais do
Distrito Federal e mesmo realizar-se-á anualmente no último fim de semana do mês de Janeiro, sob
a coordenação de
Volmi Batista,
Produtor da
VBS - Viola Brasileira Show!
E, na foto abaixo, também em 30/01/2004, Carreirinho,
Zé Mulato e Cassiano,
num momento muito especial e repleto de emoção no IV Encontro de Folias de Reis do Distrito
Federal, pois foi a primeira aparição em público de Zé Mulato, após o susto que todos nós
tomamos com o acidente na estrada com ele ocorrido em Novembro de 2003.
E, na foto abaixo, Carreiro (à direita) e Carreirinho (à esquerda), numa apresentação no dia
11/06/2005 por ocasião do III FESMURP - Festival de Música Sertaneja Raiz de Pardinho que, por
sinal, nos revelou excelentes jovens duplas, com composições inéditas no genuíno estilo caipira.
Foi nessa ocasião que pude rever o Carreirinho, além de ter visitado pela primeira vez as cidades de Pardinho-SP e Bofete-SP,
importantíssimas para o Carreirinho e para a Música Caipira Raiz:
E, na foto abaixo, da esquerda prá direita, Carreiro, Ricardinho, Carreirinho e Cardoso, que é
o Empresário da dupla:
O nome do Carreirinho ocupa, sem dúvida, um lugar de grande destaque, como "Patriarca" na História da Música Caipira Raiz, tendo sido inclusive o
"codificador" da autêntica Moda de Viola, de acordo com o Compositor
Roberto Stanganelli!!
E, quando contava 87 anos de idade, Carreirinho teve que ser internado, no dia 17/03/2009, no Hospital Evaldo Foss, em São Paulo-SP, onde se encontrava
praticamente em coma, em conseqüência de uma queda ocorrida em sua residência, seguida da batida da cabeça na geladeira. A partir daquele momento, ele
desmaiou e foi internado de imediato.
Carreirinho exalou seu último suspiro às 00:30 de Sexta-Feira (27/03/2009), deixando um enorme vazio na História da Música Caipira Raiz...
Seu corpo foi sepultado no Cemitério Jaraguá, na Via Anhangüera, na Capital Paulista.
Zequinha de Campos, de Bofete-SP, escreveu o texto abaixo, homenageando o Carreirinho, e citando ao mesmo tempo o nome de suas principais Composições:
"ADAUTO EZEQUIEL... O nosso querido Carreirinho, sempre teve o PEITO SADIO, nascido no Bairro do Óleo, na cidade de Bofete-SP, em 15 de Outubro de 1921,
numa CASA BRANCA DA SERRA que, por seu DOM DE POETA e grande PATRIOTA, deixou um legado para os seus admiradores que jamais será esquecido. Em sua
trajetória de AMOR E FELICIDADE, também não lhe faltou PRANTO DE DOR, SAUDADE ou SOLIDÃO CRUEL, mas que também faziam parte de sua longa vida.
A canga do tempo pesou e calejou os ombros cansados do Cantador, mas nos tempos idos, já no ROMPER DA AURORA, pegava a sua inseparável Viola e cantarolava
a MELODIA DA SAUDADE, que retratava a VIAGEM PENOSA, talvez imaginando a ÚLTIMA VIAGEM. Muitas vezes sentado no alpendre do seu RANCHO DE TAQUARA, que
também era o RANCHO DA FELICIDADE, ficava RECORDANDO ZÉ CARREIRO seu parceiro inseparável e naquele PULMÃO DO MUNDO, poderia se deslumbrar com a
ROSA BRANCA que exalava um perfume embriagador. E a ROSA, MADALENA, ANA ROSA, FLORAY, SABRINA? Por certo inspiraram a compor as suas lindas canções.
Por muitas vezes saboreando a pura GOSTOSURA fica recordando dos companheiros que também já haviam cumprido suas missões, vinha na mente o FERREIRINHA,
CATIMBAU, JOÃO BOBO. Jamais se esqueceu do BOI CIGANO, da SUCURI, BOI SOBERANO. O tempo foi passando e num ADEUS À MOCIDADE com o ESPELHO DA VIDA já
anunciando a sua longa estrada, compôs MEU CARRO É MINHA VIOLA, SAUDADE DE MINHA TERRA, A MORTE DO CARREIRO e tantas outras que ainda viriam enriquecer
ainda mais o seu vasto repertório.
Carreirinho exaltava duas cidades as quais amava muito, uma era Bofete-SP, seu berço de nascença e outra era Pardinho-SP, onde viveu a infância e parte de
sua juventude.
Carreirinho não foi o DONO DO MUNDO, tampouco REI DO CAFÉ ou REI DO GADO, mas, com toda certeza foi O REI DOS VIOLEIROS. Era muito festeiro e na
NOITE DE SÃO JOÃO, VIOLA E O VIOLEIRO encantavam a festa, tinha BOMBARDEIO de rojões que rasgava o céu iluminando no negrume da noite. Tinha também a
CABOCLINHA, AS TRES CUIABANAS, A FILHA DO FERREIRINHA e o PALHAÇO da Folia de Reis.
Em sua longa e feliz caminhada também teve TRISTE DESENGANO que é COISA DA VIDA, teve JURAMENTO QUEBRADO, talvez pelas conseqüências, mas sempre teve um
PEITO AMIGO nas horas em que a nostalgia se fazia presente. E no NOTURNO em que FLOR DA NOITE ou a FLOR PROIBIDA vagava pelos becos da vida a procura de um
amor por meros momentos, onde MAIS UMA TAÇA com sabor de fel era degustada dando um ADEUS A BOEMIA.
E a SAUDADE DE ARARAQUARA, CANOEIRO, PIRANGUEIRO, ARREPENDIDA, A MORTE DO CARREIRO, DEVER DE UM MÉDICO, modas eternizadas do seu repertório que encantam
todas as gerações.
Quis o destino que o homem da TERRA ROXA, COMPANHEIRO DO FERREIRINHA, tombasse numa ESPARRELA e o CRUEL DESTINO o levasse para se encontrar com seus
companheiros de noitadas de Violas. E, num último ADEUS A SÃO PAULO, a MAIOR FERA DO MUNDO sertanejo se despediu com a MISSÃO CUMPRIDA. Ele continua sendo
a RIQUEZA DO BRASIL, um CANÁRIO DOURADO a voar neste espaço sem fim. Do FACÃO DO CRISTIANO só restou história. Na sua composição SÓ PELO AMOR VALE A VIDA,
ele nos deixou uma experiência e valores a serem seguidos. Desse seu PADECIMENTO da PASSAGEM DO DESTINO onde houve a determinação do nosso Senhor Deus,
com certeza está cantando com um coro de Anjos a antológica canção RINCÃO DE MINHA TERRA.
ADAUTO EZEQUIEL... O Nosso Querido CARREIRINHO já é um dos GRANDES HOMENS DO PASSADO que vive no nosso presente. Porque quando perdemos alguém, nós só
valorizamos muito mais após a partida, é uma sensação que sinto neste momento, sempre enalteci o Carreirinho, porém, algo me sufoca neste momento. Estou
sentindo a falta irreparável desse homem que foi e continua sendo a Bandeira da nossa Música Caipira. Uma grande tristeza se apossa de minha pessoa neste
momento que escrevo esta singela homenagem. Mas não iremos nos curvar agora, é hora de darmos demonstração para não deixar cair no esquecimento os seus
feitos, somos um país com muita memória sim, como ele dizia na sua letra "ENQUANTO FORMOS IMITADOS JAMAIS SEREMOS ESQUECIDOS"!
"
Após o falecimento do Carreirinho, Sebastião Gonçalo formou com Carlos Henrique de Lima a Dupla "Carreiro e Pardinho Filho", que revive o belíssimo Repertório Musical do
Carreirinho e também da inesquecível Dupla
Tião Carreiro e Pardinho!!!
Merece ser destacado que Carlos Henrique é filho do
Pardinho
(que formou a Dupla com o
Tião Carreiro)!!!
Adotando o nome artístico de Pardinho Filho, de início, ele formou com
Simone Sperança
a Dupla "Pardinho Filho e Simone Sperança", que, apesar da pouca duração e de ter gravado apenas um CD, seguiu os passos do
Pardinho,
reverenciando a genuína Música Caipira Raiz!!!
Desfeita a Dupla "Pardinho Filho e Simone Sperança" e, com o falecimento do Carreirinho, foi formada então a excelente Dupla "Carreiro e Pardinho Filho" que mantém nos dias
de hoje a autenticidade do Estilo Caipira Raiz!!!
Na foto abaixo, da esquerda prá direita, Pardinho Filho, Ricardinho e Carreiro, no PO (Sociedade Amigos do Parque Novo Oratório), em Santo André-SP, por ocasião do lançamento do 6º CD da Dupla
Joseval e Josiene,
no dia 19/05/2013:
Para quem reside em Santo André-SP e Região, fica aqui o convite para conhecer Sociedade Amigos do Bairro do Parque Novo Oratório (popularmente conhecida como "PO"), na
Rua Jerusalem Nº 100 - esquina com a Rua Araucária, na Cidade de Santo André-SP. No PO, aos Domingos, a partir das 15:00, diversas Duplas Caipiras se apresentam no lugar,
proporcionando ao Apreciador uma tarde bastante agradável com bastante Música Raiz de Qualidade! Ricardinho, o criador desse site, foi, gostou e recomenda!!!
E foi com profunda tristeza que a Cultura Caipira recebeu a notícia do falecimento do Carreiro, que partiu para o Oriente Eterno.·. no dia 25/09/2020, aos 75 anos de idade, tendo sido vítima de um AVC...
Carreiro, com certeza, foi recebido de Braços Abertos no Oriente Eterno.·., e agora seu belíssimo Repertório, que ele tão bem cantou em Dupla com Rei da Mata,
Índio Cachoeira,
Carreirinho e Pardinho Filho, já fazem parte do Repertório do Grande Coro e da Grande Orquestra Celestial de Violeiros.·., sob a Regência do Grande.·. Arquiteto.·. Do.·. Universo.·. ...
Carreiro: Receba de Netinha e Ricardinho essa Singela Homenagem...
Essa viagem pela Música Caipira Raiz continua:
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e pegue o trem, que ele agora irá para Monte Azul, no Norte das Gerais e também passará por
Araçatuba, no Interior Paulista: conheça um pouquinho do Criador e Rei do Pagode
Tião Carreiro
que, por sinal, também já fez dupla com Carreirinho.