José Pompeu e Delanira Gonçalves Pompeu são naturais de Vista Alegre, no município de Maracaju-MS.
Primos e também Marido e Mulher, iniciaram a Carreira Artística Profissional na década de 1950, na mesma época em que haviam se casado. Cantando, de
início, em festas e programas de auditório, foram conquistando uma rápida e merecida popularidade, que incentivou o casal a seguir em frente com maiores
desafios.
Pouco tempo depois de se unirem pelos Laços Matrimoniais, Délio e Delinha trocaram o Interior do Mato Grosso do Sul (na época, Maracaju-MS ainda pertencia
ao Estado do Mato Grosso) pela Capital Paulista, onde atuaram nas Rádios "Bandeirantes" e "Nove de Julho".
Delinha contava apenas 19 anos de idade, na época. A mudança para São Paulo-SP foi incentivada pelo Compositor Sul Matogrossense
Zacarias Mourão e,
além de atuarem nas duas emissoras de rádio já mencionadas, a dupla assinou contrato com a gravadora Califórnia, na qual foi gravado no dia 26/03/1959 o
primeiro Disco 78 RPM (TC-1.045), tendo no Lado A o Rasqueado "Malvada" (Delinha - Délio) e no Lado B o Rasqueado "Cidades Irmãs" (Délio - Delinha).
No ano seguinte, no dia 29/03/1960, a dupla gravou também na California o segundo Disco 78 RPM (TC-1.119), tendo no Lado A o Rasqueado "Prenda Querida"
(Delinha - Délio) e no Lado B a Guarânia "Meu Cigarro" (Délio - Delinha).
Délio e Delinha foram ganhando fama a nível nacional e eram conhecidos carinhosamente pelo grande público como o "Casal de Onças do Mato Grosso"
(na época, o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul eram ainda o mesmo Estado).
A dupla gravou suas Músicas em diversos ritmos de Raiz, tais como o Maxixe Matogrossense, a Cana Verde, o Arrasta-Pé e, principalmente, o Rasqueado. A
quase totalidade do repertório de Délio e Delinha é de composições próprias, tendo eventualmente parceria com Compositores tais como Constantino
Gallardi, Joaquim Marcondes e o
Comendador Biguá.
Délio e Delinha também participaram da gravação da trilha sonora do primeiro filme estrelado pela inesquecível Dupla
Tonico e Tinoco:
"Lá No Meu Sertão" de Eduardo Llorente, em 1961.
A vida na Paulicéia Desvairada, no entanto, não foi nada fácil. De acordo com Délio, "...tínhamos um sofá-cama lá em São Paulo-SP e eu atrasei o
pagamento. A dona da casa me tomou o sofá..."
Apesar da dupla ter se realizado artisticamente na Capital Paulista, a saudade foi muito maior e Délio e Delinha decidiram retornar ao querido Estado do
Mato Grosso, ainda na década de 1960. Ocorreu também o divórcio após os 25 anos do Casamento de Délio e Delinha. A dupla porém chegou a se reunir
novamente em 1978, ocasião na qual lançou o disco independente "O Sol e a Lua". E, em 1993, influenciados por antigos admiradores, somados a uma numerosa
geração jovem, que veio aos poucos descobrindo seu belíssimo repertório, a dupla reapareceu em algumas apresentações públicas.
Délio considera que "...hoje o reconhecimento do público e o carinho das pessoas é o que há de mais valor." Realmente o final do Casamento não foi
o final da Dupla Caipira Délio e Delinha, apesar de alguns anos de interrupção da carreira musical. Ao que consta, a dupla gravou 14 "bolachões" 78 RPM mais
19 LP's e mais 4 CD's.
"A influência nossa é uma coisa criada... da nossa origem. Ninguém ensinou nóis".
Em Dezembro de 2007 foi lançado o CD e o DVD comemorando os 50 anos de carreira da dupla Délio e Delinha no Clube União Beneficente dos Sub-Tenentes e
Sargentos das Forças Armadas, em Campo Grande-MS, DVD esse que foi gravado no mesmo local, no dia 02/06/2007, e que contou com a participação de Maciel
Corrêa e Zézinho Nantes. O DVD apresenta diversas Músicas que marcaram a trajetória da dupla, intercaladas com imagens de arquivo, fotos e depoimentos
de amigos, Músicos e Profissionais de Emissoras de Rádio que sempre acompanharam a carreira da dupla. Em linguagem agradável e poética, é contada a
trajetória de Délio e Delinha e seu repertório, cujas letras retratam amores impossíveis, sentimentos nativos e sofrimentos apaixonados. Composições
Musicais que permanecem na memória dos que conhecem (mesmo que tardiamente) os sucessos de Délio e Delinha.
Esse trabalho resultou do empenho do repórter cinematográfico José Eduardo Moraes (o Zédu), e também de João Paulo, filho de Délio e Delinha. De início,
eles foram em busca de financiamento do FIC (Fundo de Investimentos Culturais) do Governo anterior, no entanto, não conseguiram o recurso.
Resolveram então ir em busca de recursos junto à iniciativa privada em Campo Grande-MS. Os recursos levantados, no entanto, foram muito aquém do que se
necessitava, em relação aos custos da gravação, levando-se também em conta a importância da dupla Délio e Delinha para a Cultura Sul-Mato-Grossense.
Mesmo assim, o Projeto foi levado adiante e foi gravado o importante DVD, prestando justa homenagem à dupla Délio e Delinha, proporcionando também à nova
geração de Apreciadores o contato com o trabalho da dupla que não pode ser jamais esquecida.
Clique aqui
e veja com mais detalhes o Show do Lançamento desse DVD no Site do Jornal
Capital News
de Campo Grande-MS, em matéria publicada em sua Agenda Cultural, no dia 11/12/2007.
Veja também outras notícias sobre o Lançamento desse DVD nos Sites dos Jornais
Camapuã Notícias,
em 15/12/2007, e
Última Hora News,
em 30/05/2007.
Fora o CD e o DVD supra-mencionados, existem pouquíssimos discos de Délio e Delinha disponíveis à venda, além de pouquíssimo de sua Obra Musical ter sido
remasterizada em CD.
Duas "excessões à regra" podem ser destacadas, já que a EMI lançou (apesar de ter sido em pequena quantidade) uma belíssima coletânea, fazendo parte da
Série "Raízes Sertanejas", contendo, dentre outros, os sucessos "Malvada" (Delinha - Délio), "Prenda Querida" (Delinha - Délio), "Flor de Mato Grosso"
(Délio - Delinha), "Saudade Vai Saudade Vem" (Délio - Delinha), "Goianinha" (Délio - Delinha), "Coração Sertanejo" (Délio - Delinha), "Louvor a São João"
(Délio - Delinha), "Foi na Hora da Partida" (Délio - Delinha), "Quero Seus Beijos" (Delinha - Délio - Constantino Gallardi), além do Chotis "De Mato Grosso
a São Paulo" (Délio - Delinha), que é a Música cujo trecho o Apreciador ouve ao acessar essa página.
Outro disco que foi remasterizado em CD, apesar de pequena quantidade e raríssimo, foi o já mencionado "O Sol e a Lua", lançado originalmente em 1978, após
a separação conjugal de Délio e Delinha. Observa-se que a faixa-título, que abre o disco, é "auto-biográfica".
"
José Pompeu, o Délio da dupla Délio e Delinha, foi recebido hoje à tarde na CPI do ECAD, pelo presidente Arroyo, como Símbolo da Música Regional. Délio
tem 50 anos de carreira e quase de 80 anos de idade, com 36 discos gravados.
Délio mostrou o documento dizendo que já recebeu dinheiro do ECAD. Ele informou que os pagamentos aconteceram porque 'Eu e a Delinha, somos filiados
à AMAR (entidade filiada ao ECAD), e recebíamos cheque do Banco do Brasil no escritório do ECAD, em Campo Grande-MS'. O último foi este mês, no valor
de R$ 340,00 (Trezentos e Quarenta Reais). Délio mostrou que sabe que o ECAD passa o dinheiro para a AMAR e 'a AMAR passa pra nós, mas cada um deve
tirar um pouquinho ou um poucão...'
Contou que, em 1972, tentou fundar uma associação dos artistas no Estado, '...mas a classe não quis.' O depoimento de Délio foi bem humorado, cheio
de momentos descontraídos, mas um deles chamou mais a atenção dos parlamentares: foi quando Délio começou a cantar os primeiros versos de uma de suas
Músicas, para dizer que o ECAD registrou o nome errado.
O deputado Arroyo, presidente da CPI, disse que o ECAD deveria ter dado apoio para a criação da Associação, '...afinal não existe quem fiscalize esta
distribuição correta de recursos, porque já ouvi a Música de vocês ("O Sol e a Lua") lá no Nordeste, motivo de orgulho para nós e de dinheiro no bolso de
vocês.'.
O deputado mostrou-se indignado pelo fato do Artista estar recebendo pouco mais de R$ 300,00 (Trezentos Reais) no Mato Grosso do Sul e lamentou saber que
Amambaí e Amambaí, nunca receberam. Propôs que cada Estado possua a sua Associação.
Arroyo, citou mais de uma dezena de sucessos nacionais de Délio e Delinha e exemplificou como 'uma barbaridade' o fato de Délio estar recebendo,
em média, R$ 2,00 (Dois Reais) do ECAD, para cada sucesso seu, tocado em todo Brasil, num período de quatro meses. Frisou que o Cantor e Compositor,
recebeu apenas R$ 19,00 (Dezenove Reais) pela música 'Antigo Aposento', sucesso durante quase um ano nas Rádios do Brasil. Pela 'Saudade Vai,
Saudade Vem', R$ 0,71 (Setenta e Um Centavos). Pela 'Prazer de Fazendeiro', somente R$ 1,70 (Um Real e Setenta Centavos), 'Carta Sem
Destino', R$ 1,87 (Um Real e Oitenta e Sete Centavos). O mais incrível para os deputados, foi saber (conforme relação do ECAD) que Delinha recebeu
somente R$ 2,71 (Dois Reais e Setenta e Um Centavos) pelos Direitos Autorais da Música , tocada nas Rádios de todo o país e em
inúmeros eventos. 'Quando Fazemos Baile'... 'se não tocamos esta Música, as reclamações são muitas'... Confirmou Cecílio da Silva, o
Amambaí..."
E foi com profunda tristeza que a Cultura Caipira recebeu a notícia do falecimento de José Pompeu, o Délio, aos 84 anos de idade, vítima de câncer
no pulmão, apesar de ter deixado de fumar em 1995, após 60 anos sustentando o vício. Délio passou para o Oriente Eterno.·. às 17h30 do dia 08/02/2010, no Hospital do
Câncer Alfredo Abraão em Campo Grande-MS, onde estava internado.
Na ocasião, Délio morava em Campo Grande-MS em companhia de sua atual esposa Orlanda Roque. E parte do tratamento da doença que o vitimou havia sido
paga com fundos arrecadados através de um show que vários artistas realizaram ao final de 2009.
Délio: Receba de Netinha e Ricardinho essa Singela Homenagem...
Na foto abaixo, Délio com seus 83 anos de idade, um ano antes do seu falecimento:
E foi também com profunda tristeza que a Cultura Caipira recebeu a notícia do falecimento de Delanira Gonçalves Pompeu, a Delinha, que partiu para o Oriente Eterno.·.
no dia 16/06/2022, em sua casa, em Campo Grande-MS, enquanto dormia, tendo sido vítima de nsuficiência respiratória...
Delinha, com certeza, foi recebida de Braços Abertos no Oriente Eterno.·. e agora, estando ao lado de seu primo e esposo Délio, suas belíssimas Vozes, também fazem parte do Grande Coro e da Grande Orquestra Celestial de Violeiros.·., sob a Regência do Grande.·. Arquiteto.·. Do.·. Universo.·. ...
Delinha: Receba de Netinha e Ricardinho essa Singela Homenagem...
Essa viagem pela Música Caipira Raiz continua:
Clique aqui
e pegue o trem, que ele agora irá para
São Paulo-SP e Goiânia-GO: conheça essa dupla que proporcionou uma
"modernização" na Música Sertaneja, com a inclusão de Guitarras e Orquestras em seus
arranjos, sem no entanto ferir o estilo e que, assim como Pedro Bento e Zé da Estrada,
também representam o "casamento" entre os Estilos Sertanejos do Brasil e do México.
Conheça um pouquinho da trajetória artística de
Tibagi e Miltinho.